sábado, 2 de março de 2013

De dádivas encheram o outono




"Antes de amar-te, amor, nada era meu
Vacilei pelas ruas e as coisas
Nada contava nem tinha nome
O mundo era do ar que esperava
E conheci salões cinzentos
Túneis habitados pela lua
Hangares cruéis que se despediam
Perguntas que insistiam na areia
Tudo estava vazio, morto e mudo
Caído, abandonado e decaído
Tudo era inalienavelmente alheio
Tudo era dos outros e de ninguém
Até que tua beleza e tua pobreza
De dádivas encheram o outono."

Pablo Neruda


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